A HISTÓRIA DA NOVA HOLANDA

Em 1621 os Estados Gerais da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos concederam à Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC) o direito exclusivo do comércio com a África e as Antilhas (Caribe). A companhia foi fundada após a expiração do armistício de doze anos com a Espanha, durante a Guerra dos Oitenta Anos. Após a Espanha ter proibido o comércio entre a República Neerlandesa e as colônias portuguesas sob domínio espanhol, a WIC decidiu intervir no Brasil com o objectivo de adquirir uma colônia.

Após Piet Heyn ter atacado com sucesso a frota da prata espanhola em 1628, a WIC possuía capital suficiente para tomar territórios das dominantes potências coloniais de Portugal e da Espanha. Em 1624 e em 1627, pequenos territórios brasileiros foram temporariamente ocupados pelos neerlandeses. Uma expedição militar sob comando de Hendrick Lonck foi bem sucedida e conquistou a capitania de Pernambuco em 1630. No entanto, grande parte do Brasil permaneceu em mãos portuguesas, que foram uma constante ameaça para a conquistada colônia.

No ano de 1636, João Maurício de Nassau-Siegen foi nomeado Governador-Geral da colônia. Ele fundou Mauritsstad (Recife contemporrâneo) instituiu a liberdade de religião e de culto, estimulou a produção de cana-de-açúcar e construiu casas, canais, diques e pontes. Atraídos pela liberdade de religião concedida, um grande número de judeus de Amsterdã resolveram imigrar para a nova colônia. Lá, fundaram a primeira sinagoga das Américas, Kahal Zur Israel.

Quando em 1640, quase toda a frota luso-espanhola perto de Itamaracá é destruída pela República Neerlandesa, a guerra sobre o Brasil começa novamente.

João Maurício acusado de dar prejuízo financeiro à WIC, não adotando o modelo de exploração e usando dinheiro para contruções na colônia, retorna precocemente em 1643 à República Neerlandesa. Com a destituição de João Maurício pela direção da WIC muitos judeus optam em voltar para Amsterdã. Outros firmam-se como plantadores em Suriname e Antilhas Neerlandesas.

[editar] Governo

Sinagoga Kahal Zur Israel em Mauritsstad (Recife). A primeira nas Américas.

Antes do governo de Maurício de Nassau quase nada se tinha feito na colônia. Maurício de Nassau sempre alegou que amava a colônia devido à sua beleza e seu povo, por isso queria a ela o melhor. Ele organizou uma forma de governo representativo local através da criação de conselhos municipais e conselhos rurais. Através destas, começou a modernizar a colônia, com ruas, pontes e estradas, em Recife. Na ilha de António Vaz, fundou a cidade de Mauritsstad (também conhecido como Mauricia) onde criou um observatório astronômico e uma estação meteorológica, que foi a primeira nas Américas.

Sob proteção de Maurício de Nassau, judeus portugueses que tinham sido forçados a se converter ao cristianismo e tinham se refugiados nos Países Baixos vieram para a colônia para que vivessem sem perseguições, por esses judeus foi criada a Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas. A mesma liberdade religiosa era dada a outras religiões.

Em 1643, com a destituição de Maurício de Nassau pela direção da WIC muitos judeus optam em voltar para Amsterdã. Outros foram trabalhar como plantadores em Suriname e Antilhas Neerlandesas.

Colonos

Os colonos neerlandeses foram divididos em dois grupos distintos, o primeiro dos quais era conhecido como "Dienaaren". Dienaaren eram soldados, burocratas e ministros calvinistas empregado pela WIC.

Vrijburghers foram o segundo grupo de colonos neerlandeses que se estavam todos os outros colonos neerlandeses que não se enquadram na categoria de Dienaaren. O Vrijburghers eram em sua maioria ex-soldados e ex-empregados da WIC. Outros neerlandeses deixaram os Países Baixos para encontrar uma nova vida na Nova Holanda. Este grupo foi o mais importante economicamente em Nova Holanda já que a maioria do comércio estava sob seu controle.

[editar] Fim da colônia

Por um decreto da coroa portuguesa em 1649, é fundada a Companhia Geral do Comércio do Brasil para apoio da insurreição em curso desde 1645 em Pernambuco. Em virtude da Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Neerlandesa não pôde auxiliar os neerlandeses no Brasil e em 1654 a colônia é finalmente reconquistada pelos portugueses. A soberania portuguesa não foi reconhecida e em maio de 1654, após o tratado de paz com a Inglaterra ter sido assinado, a República Neerlandesa exige a devolução da colônia. Sob ameaça da frota marinha neerlandesa, Portugal cede à exigência da República Holandesa. Em 1656 eclodiu uma guerra entre a República Neerlandesa e Portugal, que resultou no bloqueio da costa oeste portuguesa em 1657 (quando a frota da prata vinda do Brasil foi conquistada) e em 1658 e na expulsão dos portugueses de Ceilão e da Índia. Em 6 de agosto de 1661 foi então, assinado um acordo de paz em Haia, a Paz de Haia. Portugal paga à República Neerlandesa o equivalente a 63 toneladas de ouro como forma de compensação pela perda da colônia. Esta quantia foi paga anualmente por Portugal em parcelas ao longo de quatro décadas e sob ameaça de invasão de Lisboa e da região Nordeste do Brasil. Ademais, Portugal cedeu o Ceilão (atual Sri Lanka) e as ilhas Molucas à República Neerlandesa e ainda concedeu privilégios sobre o comércio açucareiro ao país

 

Cronologia

  • 1630 - nova força de assalto da WIC, transportada por cinquenta e seis navios, sob o comando de Diederik van Waerdenburgh e Hendrick Lonck, conquista Olinda e Recife, na Capitania de Pernambuco. Sem recursos para a resistência, Matias de Albuquerque retira a população civil e os defensores, e incendeia os armazéns do porto de Recife, evitando que o açúcar ali aguardando o embarque para o reino caísse em mãos do invasor. Imediatamente organiza a resistência, a partir do Arraial Velho do Bom Jesus.
  • 1632 - Domingos Fernandes Calabar, conhecedor das estratégias e recursos portugueses, passa para as hostes invasoras, a quem informa os pontos fracos da defesa na região nordeste do Brasil. Atribui-se a essa deserção a queda do Arraial (velho) do Bom Jesus (1635), permitindo às forças neerlandesas estenderem o seu domínio desde a Capitania do Rio Grande (do Norte) até à da Paraíba (1634).
  • 1634 - Em retirada para a Capitania da Bahia, Matias de Albuquerque derrota os neerlandeses em Porto Calvo e, capturando Calabar, julga-o sumariamente por traição e executa-o.
  • 1635 - Forças neerlandesas, comandadas pelo coronel polonês Crestofle d'Artischau Arciszewski, capturam o Arraial do Bom Jesus, após um longo assédio. Quase ao mesmo tempo outra força, comandada pelo coronel Sigismund van Schkoppe, cerca e captura o Forte de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho.
  • 1636- Arciszewski derrota D. Luís de Rojas y Borja na batalha da Mata Redonda.
  • 1637 - A administração dos interesses da WIC no nordeste do Brasil é confiada ao Conde João Maurício de Nassau Siegen, que expande a conquista até Sergipe (a sul).
  • 1638 - Maurício de Nassau desembarca na Bahia, mas não consegue capturar Salvador.
  • 1640 - Um forte armada luso-espanhola, comandada pelo Conde da Torre, falhou em sua intenção de desembarcar em Pernambuco e sofreu uma derrota estratégica ante a armada holandesa. Com a Restauração portuguesa, Portugal assinou uma trégua de dez anos com os Países Baixos. Nassau conquista os centros fornecedores de escravos africanos de São Tomé e Príncipe e de Angola.
  • 1641 - Firmado um Tratado de Aliança Defensiva e Ofensiva entre Portugal e a República Holandesa, porém o tratado não é cumprido por ambas as partes e em consequência não tem efeito nas colônias portuguesas sob domínio neerlandês no Brasil e na África.
  • 1644 - Com sua destituição, Nassau é chamado de volta aos Países Baixos pela WIC.
Batalha dos Guararapes, por Victor Meirelles de Lima.

[editar] Bibliografia

  • BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados durante oito anos no Brasil. Belo Horizonte: Editora Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1974. 418 p. il.
  • BENTO, Cláudio Moreira (Maj. Eng. QEMA). As Batalhas dos Guararapes - Descrição e Análise Militar (2 vols.). Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 1971.
  • BOXER, C. R.. Os holandeses no Brasil (1624-1654). São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1961.
  • MELLO, Evaldo Cabral de. O Negócio do Brasil. Portugal, os Países Baixos e o Nordeste, 1641-1669. Rio de Janeiro: Editora Topbooks, 1998.
  • MELLO, José Antônio Gonsalves de (ed.). Fontes para a História do Brasil Holandês (Vol. 1 - A Economia Açucareira). Recife: Parque Histórico Nacional dos Guararapes, 1981. 264p. tabelas.
  • ROSTY, Claudio Skora. As Invasões Holandesas (Insurreição Pernambucana): A Batalha do Monte das Tabocas, o Inicio do Fim. Recife: 2002. 166p. il.
  • DI PACE, Viottorio. Napoletani in Brasile nella guerra di liberazione dall'invasione olandese (1625 - 1640). Nápoles: Fausto Fiorentino, 1991. (edição bilingue)
Nieuw-Holland
Nederlands-Brazilië (Brasil Holandês)
ou Nieuw-Holland (Nova Holanda)

Colônia da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos

Flag Portugal (1578).svg 1630 – 1654 Flag Portugal (1578).svg
Flag Brasão
Bandeira Brasão
Localização de Nieuw-Holland ou Nova Holanda
Mapa da Nova Holanda em amarelo
Continente América do Sul
Região Nordeste do Brasil
Capital Olinda, depois Mauritsstad (atual Recife)
Língua oficial Neerlandês e Línguas indígenas
Religião Calvinismo
Governo Colônia
1637 - 1643 Maurício de Nassau
1643 - 1654 WIC
História  
1630 Fundação
13 de Agosto de 1645 Batalha do Monte das Tabocas
19 de abril de 1648 Primeira Batalha dos Guararapes
19 de fevereiro de 1649 Segunda Batalha dos Guararapes
1654 Dissolução
Moeda Florim neerlandês

 

 

 OBS: A NOVA HOLANDA AINDA EXIATE EM PERNAMBUCO: