Wicca

Wicca é uma religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e práticas da Europa
ocidental
que afirma a existência do poder sobrenatural (como a magia) e os princípios físicos e espirituais masculinos e femininos que inteiram a natureza, e que celebra os ciclos da vida e os festivais sazonais, conhecidos como Sabbats, os quais
ocorrem, normalmente, oito vezes por ano.[1] Autoridades como
Alex Sanders referem-se a
ela como religião natural, "a mais antiga do mundo".[2] É muitas vezes referida como
Witchcraft (em português: "bruxaria") ou the Craft[3]
por seus seguidores, que são conhecidos como Wiccanos ou Bruxos. Suas origens
contestadas residem na Inglaterra no início do século XX,[4] mas foi
popularizada nos anos
50
por Gerald
Gardner
, que na época chamava a religião de "culto às bruxas" e "bruxaria",
e seus seguidores "a Wica".[5] A
partir dos anos
60
seu nome foi normalizado para "Wicca".[6]

A Wicca é uma religião politeísta, de culto
basicamente dualista, que crê
tradicionalmente na Mãe Tríplice e no Deus Cornífero, ou
religião
matriarcal
de adoração à Deusa mãe. Estas duas deidades são muitas vezes vistas como facetas de uma
divindade panteísta maior, ou que se manifestam como
várias divindades politeístas. A Wicca também envolve a prática
ritual da mágica,
em grande parte influenciada pela magia cerimonial do passado, muitas vezes em
conjunto com um código de moralidade liberal conhecida como a Wiccan Rede, embora não seja
uma regra. Embora algumas tradições adorem o celta Cernunnos, símbolo da virilidade, e por vezes seja
confundida com Satanismo, os
wiccanos não crêem em Lúcifer ou
em Satã.[2]

Existem diversas tradições dentro da Wicca. Algumas,
como a Wicca Gardneriana e a Alexandrina, seguem a linhagem
iniciática de Gardner; ambas são frequentemente denominadas de wicca tradicional
britânica, e muitos dos seus praticantes consideram que o termo "Wicca" possa
ser aplicado unicamente a elas. Outras, como o cochranianismo, Feri e a Tradição Diânica, tomam como principal influência
outras figuras e não insistem em qualquer tipo de linhagem iniciática. Alguns
destes não usam o termo "Wicca", preferindo "Bruxaria", enquanto outros crêem

 

 

Panteísmo, Politeísmo, Animismo

Escultura do Deus Cornífero no Museu de Bruxaria em Boscastle,
Cornwall.

Existem muitos adeptos da Wicca que acreditam que a
Deusa e o Deus são meramente dois aspectos de uma mesma Deidade, às vezes vista como uma deidade panteística, abrangendo, assim,
tudo o que existe no Universo. Em seus escritos, Gardner se refere a este ser
como o Motor Primordial que permaneceu desconhecido durante os séculos,[60] embora nos rituais da sua tradição chamada
Gardnerianismo ele seja
referido como Dryghten,[61] originalmente uma palavra
que significa "Lord" ("Senhor") na Língua
inglesa antiga
. A partir disso, diversos outros nomes foram dados a este
"Motor Primordial"; Scott Cunningham, por exemplo, chamava-no de
"The One".[62]

Assim como o panteísmo e o duoteísmo, muitos
adeptos da Wicca são politeístas, acreditando, assim, que existem
diversos deuses existentes. Alguns aceitam a ideia expressa pelo ocultista Dion Fortune de que "todos os
deuses são um deus, e todas as deusas são uma deusa". Com tal mentalidade, um
wiccano pode crer que a germânica Eostre, a hindu Kali, e a
cristã Virgem Maria são manifestações de uma Deusa
Suprema e, da mesma forma, que o celta Cernunnos, o grego Dionísio e o judaico-cristão Yahweh são aspectos de um
mesmo Deus Supremo. Numa abordagem estritamente mais antiga da crença
politeísta, os deuses e deusas são em seu próprio direito criaturas distintas
uma das outras, não sendo, assim, aspectos nem elementos de uma outra "entidade
maior". Os escritores wiccanos Janet Farrar e Gavin Bone postularam que a Wicca é cada vez mais
politeísta à medida que amadurece, tendendo a adotar uma visão pagã cada vez
mais tradicional.[63] Outros wiccanos concebem as
deidades não como personalidades literais mas como arquétipos metafóricos ou uma tulpa, fazendo com que estes sejam decidamente adeptos do
ateísmo.[64]
Essa visão foi adotada pela Alta Sacerdotiza Vivianne Crowley, que também era psicóloga, e
que considerava as divindades da Wicca como arquétipos Junguianos que existem no subconsciente e que poderiam ser evocados através
dos rituais. Por esta razão, Crowley dizia que "A Deusa e o Deus se manifestam
para nós em sonho e em visão."[65]

A Wicca é, essencialmente, uma religião imanente, e para grande parte
dos wiccanos esta idéia também envolve elementos do animismo. Esta crença diz que a Deusa e o Deus (ou os
deuses e as deusas) são capazes de se manifestarem fisicamente, na forma de uma
pessoa, ao vivo, sobretudo nos corpos do Sacerdote e da Sacerdotiza, para
fornecerem uma mensagem espiritual direta aos integrantes do ritual


que todas estas tradições podem ser consideradas wiccanas

 

 

 

 

WICCA ACREDITAN EM GNOMOS!

 

 

 

Origem e
crescimento, 1921-1959

Crystal Clear app xmag.pngVeja também: Culto
Bruxo
.
Goya, O Grande
Bode
(1821-1823). O Culto Bruxo afirma que essas
histórias são baseadas em um antigo culto pagão que reverenciava um deus
cornífero
, mas não o Satã.

Desde meados do século XX, a Bruxaria tornou-se a autodesignação de uma sucursal do
neopaganismo, especialmente
na tradição Wicca, cujo pioneiro foi Gerald Gardner, que alega resgatar uma antiga
tradição religiosa da bruxaria com raízes pré-cristãs (alguns wiccanos dizem que é a mais antiga
religião do mundo).[9][2] Na década de 1920 e na década de 1930, a
egiptóloga Dr. Margaret
Murray
publicou diversos livros influentes detalhando suas teorias de que as bruxas e bruxos
caçados durante a Idade Média
não eram, como alegavam seus perseguidores
cristãos, adeptas do Satanismo,
mas simpatizantes de uma religião pagã pré-cristã que adorava um deus
cornífero
— o Culto Bruxo.[10] Antes de Murray, nomes
como Girolamo
Tartarotti
, Matilda Joslyn Gage, Jacob Grimm, Karl Pearson, Jules Michelet e Charles Leland
escreviam linhas ou livros inteiros sobre o contraste entre as duas religiões na
Idade Média e Renascimento.[11][12][13] Embora nos dias de hoje a pesquisa histórica
aprofundada tenha desacreditado de Murray, suas teorias foram amplamente aceitas
e apoiadas na época.[14]

Nos anos 30, apareceu a primeira evidência de uma
prática pagã de religião de bruxaria[15][16]
(o que hoje é reconhecida como Wicca) na Inglaterra. Diversos grupos em todo o país, em
lugares como Norfolk,[17]
e Cheshire[18]
se autoproclamaram continuadores da tradição do Culto Bruxo de Murray, embora
estivessem abertos a influências de diversas outras fontes, tais como a Magia
Cerimonial
, a Maçonaria,
a Teosofia, o Romantismo, o Druidismo, a mitologia
clássica
e as religiões asiáticas.[19]

A Bruxaria tornou-se mais proeminente, contudo, na
década de 1950
com a revogação da Lei de
Feitiçaria de 1735
, da qual diversas figuras, como Charles Cardell, Cecil Williamson e
notavelmente Gerald
Gardner
, começaram a propagar suas próprias versões do ofício. Gardner foi
iniciado na New Forest coven em 1939, antes de formar sua própria tradição, mais
tarde chamada Gardnerianismo. Sua tradição, auxiliada por sua
Alta Sacerdotiza Doreen
Valiente
e com a publicação de seus livros A Bruxaria Hoje (1954) e
O Sentido da Bruxaria (1959), logo se tornou a tradição dominante no
país, e se espalhou para outras regiões das Ilhas Britânicas

 

Adaptação e propagação, 1960-atual

Adeptos seguram vassouras representando o pentagrama em evento wiccano nos Estados Unidos,
2009.

Com a morte de Gardner em 1964, o Ofício continuou
a crescer inabalável apesar do sensacionalismo e das opiniões negativas
publicadas pelos tablóides britânicos, com novas tradições
propagadas por figuras como Robert Cochrane, Sybil Leek e Alex Sanders, criador da Tradição Alexandrina, que,
baseada no Garderianismo, embora com uma ênfase na magia cerimonial, espalhou-se
rapidamente e ganhou muita atenção da mídia. Nesta época, o termo "Wicca"
começou a ser adotado ao lado de "Bruxaria" e suas crenças e tradições
exportadas para países como Austrália e os Estados Unidos.[21]

Marido e esposa se beijam em cerimônia de casamento
Wicca.

Foi nos Estados Unidos e na Austrália que novas
tradições da Wicca surgiram, muitas vezes baseada em folk regionais e às vezes misturadas com a
estrutura básica da Wicca de Gardner, gerando diversas formas de Wicca como o Dianismo de Zsuzsanna
Budapest
, cada uma delas enfatizando diferentes aspectos do ofício.[22] Na década de 1970, a literatura Wicca também
cresceu, e muitos livros ensinando pessoas a se tornarem bruxos sem iniciações
formais começaram a ser publicados em grandes quantidades pelo mundo, como o
Mastering Witchcraft (1970) de Paul Huson, um manual "faça você mesmo" que se
tornou muito famoso e influenciou novos bruxos.[23][24][25][26] Livros da mesma
ordem continuaram a serem publicados através dos anos 80 e anos 90, com a autoria de nomes como Doreen Valiente, Janet Farrar, Stewart Farrar e Scott Cunningham, que
popularizou a ideia de auto-iniciação ao Ofício com seu Wicca: Um Guia Para o
Praticante Solitário
(1988).[27]

Nos anos 90, as poucas mas pioneiras comunidades wiccanas
no Brasil procuravam se solidificar em
grandes centros como São Paulo e fazer conexões com
associações européias a fim de regulamentar a religião Wicca no país.[28] A partir de então, a Wicca e a Bruxaria em geral têm crescido
expressivamente no Brasil, especialmente em Brasília e São Paulo, nos dias de hoje.[29] O primeiro livro traduzido do
inglês para o português trazendo o termo wiccaniano(a) foi Wicca: A
Feitiçaria Moderna
, de Gerina Dunwich. Posteriormente, outros livros
traduzidos passaram a apresentar o termo "wiccano" como uma alternativa para a palavra inglesa
"wiccan", termo usual
para designar um adepto da religião em questão naquele idioma. Na década de 90,
onde cada vez mais a Bruxaria ganhava novos adeptos, surgiram filmes como Jovens
Bruxas
(1996), dirigido por Andrew Fleming, e seriados como Charmed (1998-2006),
introduzindo aos jovens uma ideia de religião bruxa. Mas, criticando a forma
como a Wicca veio sendo encarada desde então, como moda, como ecletismo, e sendo engajada em movimentos como a Nova Era, muitos bruxos, notavelmente
Andrew Chumbley,
voltaram-se para a antiga tradição de Gardner, como uma forma de "levar a sério"
o Ofício.

Etimologia

O termo "Wicca" foi primeiramente aceito nas
décadas de 1960 e 70 como parte da religião Wicca da época.[6] Antes disso, o termo "Witchcraft"
era utilizado de forma mais histórica e ampla. Apesar de baseada na palavra
wiccian do inglês antigo, que se referia apenas
e exclusivamente aos feiticeiros (sendo wicce utilizada para se
referir às feiticeiras do sexo feminino),[30] o indivíduo
real que cunhou o termo "Wicca" é desconhecido, embora especula-se que tenha
sido Charles
Cardell
, muito certamente na década de 1950.[31]
Gardner usava a palavra wiccian com o sentido de "jogar com a sorte".[32] Nos dias de hoje, trata-se o praticante da
religião através da sua linhagem tradicional. Assim, ao invés de dizer que
alguém é Bruxo ou Wiccano ou Wiccaniano ou Wiccan, trata-se o praticante da
religião como Gardneriano, Xandrino, Georgino, etc. para que estas situações se
resolvam por vez.[

Demografia

Crystal Clear app xmag.pngVeja também: Religiões no
Brasil
.
Número de wiccanos por país de acordo com recentes
estimativas (Clique na imagem para ampliar)

Não é sabido oficialmente o número de wiccanos no
mundo inteiro e constatou-se que é mais difícil estabelecer o número de membros
de religiões neo-pagãs do que de qualquer outra religião devido à sua estrutura
desorganizada.[34] O site independente Adherents.com, no entanto, que se dedica a informar demografias religiosas pelo mundo,
cita mais de trinta fontes com as estimativas do número de wiccanos
(principalmente nos EUA e no Reino Unido). A partir daí, eles desenvolveram uma
estimativa média de 800 mil adeptos.[35] Comparando o
número de adeptos estado-unidenses na década de 1990 até 2001, houve um aumento
de cerca de 126.000 membros.[36] De maneira
curiosa, 1.434 pilotos da Força Aérea dos Estados
Unidos
se identificam como wiccanos, tornando a Wicca a maior religião
não-cristã dentro dessa comunidade.[37]

"O wiccano é um homem de quarenta anos, ou uma
mulher de trinta anos, caucasiano, razoavelmente bem educado, não ganha
muito, mas provavelmente não é muito preocupado com coisas materiais, alguém que
faz parte do que os demógrafos chamariam de classe média baixa."

No Brasil,
de acordo com o gráfico ao lado, há cerca de 10.000 a 50.000 wiccanos, embora
não haja uma diversificação entre a Wicca e as outras tradições neopagãs; isso
fez com que no Censo 2000 os wiccanos fossem
incluídos no grupo de "outras religiões", totalizando 1,8%.[39] De qualquer forma, desde a
década de 1990 a
Wicca, ou a Bruxaria em geral, têm
crescido muito no país, especialmente em Brasília e São Paulo.[29] No Reino Unido, da mesma forma, os censos não permitem
uma separação dentro do contexto pagão, fazendo com que os wiccanos sejam
marcados ao lado de outras tradições neo-pagãs como a dos druidas e dos heathens através de um acordo em comum realizado em
2001. Recentemente, pela primeira vez os entrevistados foram capazes de se
inscrever numa afiliação não abrangidos pela lista comum das religiões, e um
total de 42.262 pessoas da Inglaterra, Escócia e País de Gales se declararam pagãos por este
método. Estes valores não foram imediatamente analisados pelo Instituto Nacional
de Estatística, mas foram liberados após um pedido da Federação Pagã da Escócia

Crenças

As crenças Wicca variam muito entre as diferentes
tradições. No entanto, existem vários pontos em comum entre esses diferentes
grupos, que geralmente incluem pontos de vista sobre teologia, vida após a morte, magia e moralidade.

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Teologia

Embora as opiniões sobre a teologia da Wicca seja
variada, a grande maioria dos Wiccanos veneram tanto um Deus quanto uma Deusa.
Essas duas divindades são entendidas de várias formas através de perspectivas do
panteísmo (como os aspectos
duais de uma única divindade), duoteísmo (como dois pólos opostos) ou o politeísmo (sendo composta por
muitas divindades menores). Em algumas concepções panteístas e duoteísticas,
divindades de diferentes culturas podem ser vistas como aspectos da Deusa ou do
Deus.[8]

Altar de Doreen Valiente com estátuas do Deus Cornífero
(esquerda) e a Deusa Mãe, mostrando a dualidade sexual na
divindade da Wicca.

A tradição de Gardner prega que o Deus Cornífero é
associado à morte, caça e magia, um deus que reina sobre um paraíso
pós-mundo (às vezes referido como Summerland), enquanto que a Deusa Mãe
(simultaneamente a Virgem Eterna e a Feiticeira Primordial) é associada ao amor
pela vida e à regeneração e ao renascimento das almas dos mortos.[41] No entanto, existem também outros pontos de
vista teológicos a serem encontrados dentro da Bruxaria, incluindo o monoteísmo, o conceito de que
há apenas um divindade, que é visto por alguns, como no Dianismo, como a Deusa, enquanto que para outros é um
ser sem gênero, como na Church and School of Wicca. Existem outros que são ateus ou agnósticos,
que não acreditam em qualquer divindade real, mas veem os deuses como arquétipos psicológicos da mente
humana que podem ser evocados.[42]

De acordo com a bruxa Janet Farrar e com Gavin Bone, a Wicca está se tornando cada vez mais
politeísta à medida que
amadurece, ao mesmo tempo que também abraça uma cosmovisão pagã mais
tradicional.[43] Para Janet e Stewart Farrar, que apoiam uma visão panteística, duoteística e animista da teologia, Wiccanos "veem
todo o cosmos como vivo, como um todo e em todas as suas partes", mas que "tal
visão orgânica do cosmos não pode ser totalmente expressa e vivida, sem o
conceito de Deus e Deusa. Não há manifestação sem polarização, assim, ao mais
alto nível criativo, que da Divindade, a polarização deve ser o mais claro e
poderoso de todos, refletindo e espalhando-se por todos os níveis
microcósmicos".[

O Deus e a Deusa

Para a maioria dos Wiccanos, o Deus e Deusa são
vistos como polaridades complementares no universo, existindo um equilíbrio
entre um e outro, e desta forma têm sido comparados com o conceito de yin e yang,
encontrado no Taoísmo.[45] Como tal, são
muitas vezes interpretados como sendo "encarnações de uma força de vida
manifesta na natureza",[46]
com alguns Wiccanos acreditando que eles são simplesmente simbólos dessas
polaridades, enquanto outros acreditam que o Deus e a Deusa são seres
verdadeiros que existem de forma independente. Às duas divindades são dadas
frequentemente associações simbólicas, com a Deusa comumente sendo simbolizado
como a Terra (ou seja, a Mãe Terra), mas também às
vezes como a Lua, a qual complementa o Deus,
visto como o Sol.[47]

"Os deuses são reais, e não como pessoas, mas como veículos do poder.
Resumidamente, pode-se dizer que a personificação de um tipo particular de
energia cósmica, sob a forma de um deus ou deusa, realizado por fiéis e devotos
ao longo dos séculos, cria uma forma de Deus ou imagem mágica em uma potente
realidade nos Planos Internos, e torna-o um meio pelo qual esse tipo de poder
cósmico pode ser contatado."

Tradicionalmente, o Deus é visto como um Deus Cornífero,
associado com a natureza selvagem, a sexualidade, a caça e o ciclo de vida.[49] Ao Deus
Cornífero é dado vários nomes de acordo com a tradição, e estas incluem Cernunnos, , Atho e Karnayna.
Embora este valor não seja igualado com a figura tradicional de Satã, que é visto como
sendo uma entidade dedicada ao mal no cristianismo, uma pequena minoria de Wiccanos, de
acordo com as acusações dos julgamentos históricos de bruxas, referem-se a seu
Deus Cornífero com alguns dos nomes de Satanás, como "Diabo"[50] ou como "Lúcifer", um termo latino que significa "portador da luz".[51] Em outras ocasiões, o Deus é visto como o Homem
verde
,[52] uma figura
tradicional na arte e da arquitetura européia, e muitas vezes interpretado como
sendo associado com o mundo natural. O Deus é frequentemente descrito como um Deus Sol,[53] em especial no festival de Litha, ou o solstício
de verão
. Outra representação de Deus é a do Rei Carvalho e o Rei Azevinho,
aquele que governa a primavera e o
verão, esse que governa o outono e o inverno.[52]

A Deusa é geralmente retratada como uma Deusa
tríplice
, sendo assim uma divindade triádica composta de uma deusa virgem,
uma deusa-mãe e uma deusa anciã, cada um dos quais
tem associações diferentes, ou seja, a virgindade, a fertilidade e a sabedoria.[54] Ela também é
comumente descrita como uma Deusa
Lua
,[55] e muitas vezes é dado o nome de Diana após a
divindade romana. Alguns wiccanos, especialmente a partir da década de 1970, têm
visto a Deusa como a mais importante das duas divindades, que é pré-eminente de
que ela contém e concebe tudo. A este respeito, o Deus é visto como a centelha
de vida e inspiração dentro dela, ao mesmo tempo seu amante e seu filho.[56] Isto se reflete na estrutura tradicional do
coven.[57] Para uma forma monoteísta
da Wicca, o Dianismo, a Deusa é a
divindade única, um conceito que tem sido criticado por membros de outras
tradições mais igualitárias.

O conceito de ter uma religião e venerar um Deus Cornífero
acompanhado de uma Deusa tinha sido elaborado pela egiptóloga Margaret Murray durante
a década de 1920.
Ela acreditava que, com base em suas próprias teorias sobre os primeiros ensaios
da bruxaria moderna na Europa, que essas duas divindades, mas principalmente o
Deus Cornífero, tinha sido adorado por um culto bruxo, desde que a Europa Ocidental
sucumbiu ao cristianismo.
Embora amplamente desacreditada, Gerald Gardner foi um defensor de sua teoria, e
acreditava que a Wicca foi uma continuação do histórico culto bruxo, e do Deus
Cornífero e da Deusa, eram, portanto, antigas divindades das ilhas britânicas.[58] A sabedoria moderna
refutada as suas pretensões, porém vários diferentes deuses corníferos e deusas
mãe eram de fato adorados nas ilhas britânicas durante os períodos antigo e
medieval

Vida após a morte

Os rituais wiccanos contêm elementos das lendas de
Ishtar (a virgem-mãe da Babilônia, conhecida, também,
por Astarte e Cibele) e de Demeter (a Ceres romana); tais lendas são interpretadas
como um símbolo contínuo de morte e ressurreição.[2]

Porém, a crença na reencarnação varia entre os
wiccanos,[66] embora ela tivesse sido tradicionalmente
ensinada na década de
1930
nos New Forest coven. O influente Alto Sacerdote Raymond Buckland
escreveu que uma alma humana reencarna nas mesmas espécies durante muitas vidas
para aprender lições e progredir espiritualmente,[67]
mas essa crença não é universal no mundo da Wicca, uma vez que outros acreditam
que a reencarnação da alma acontece em espécies distintas. Contudo, um ditado
popular entre os wiccanos é que "uma vez bruxo, sempre bruxo", indicando que os
wiccanos são reencarnações de bruxas do passado.[68]

Os wiccanos que crêem em reencarnação acreditam que
as almas vivem entre o Outro Mundo e a Terra de Verão, conhecida
nas escritas de Gardner como o "êxtase da Deusa".[69] Da mesma forma, estes wiccanos acham
ser possível se comunicar com espíritos que residem no Outro Mundo através da mediunidade ou do tabuleiro ouija,
principalmente durante o Sabbat de Samhain, embora alguns discordem com esta prática, como
o Alto Sacerdote Alex
Sanders
, que dizia "estão mortos; deixem-os em paz."[70]
No entanto, a crença do contato foi muito influenciada pelo Espiritualismo, que estava
popular na época do surgimento da Wicca, e na qual Gardner e outros wiccanos
como Buckland e Sanders tiveram experiências diretas.[71]

Apesar de alguns wiccanos acreditarem na vida após a
morte
, este não é o principal foco da Wicca, nem mesmo para estes grupos. A
Wicca tende a se concentrar na vida atual porque, como observou Ronald Hutton, "se alguém
faz seu melhor na vida presente, em todos os aspectos, a vida seguinte vai ser
mais ou menos benéfica dentro do processo, então pode-se assim concentrar-se no
presente.

 

Magia

Altar wicca usado em ritual a céu
aberto.

Boa parte dos wiccanos crêem na magia — uma força que eles vêem como sendo capazes de
manipulação através da prática de bruxaria ou feitiçaria. Alguns a denonimam "magick",
variação cunhada pelo influente ocultista Aleister Crowley, embora esta grafia é mais
comumente associada com a religião da Thelema de Crowley do que com a Wicca. De fato, muitos
wiccanos concordam com a definição de magia oferecida pelos mágicos
cerimoniais
,[73] como Aleister Crowley, que
declarava que a magia é "a ciência e a arte de provocar mudança de ocorrência em
conformidade com a vontade", enquanto que outro mágico cerimonial proeminente,
MacGregor Mathers, afirmou que
era "a ciência do controle das forças secretas da natureza."[73] Os wiccanos também
acreditam que a magia é a lei da natureza ainda incompreendida ou ignorada pela
ciência contemporânea,[73] e, como tal, não a vêem
como sendo sobrenatural, mas
sendo uma parte dos "super poderes que residem no natural", como escrevia Leo
Martello
.[74] Alguns adeptos
da Wicca preferem acreditar que a magia é fazer pleno uso dos cinco
sentidos
a fim de se obter resultados surpreendentes,[74] ao passo que outros wiccanos
não pretendem saber como ela funciona, apenas acreditando que ela funciona.[75]

"A vontade, o amor e a imaginação são poderes mágicos que todos possuem, mas
só aquele que sabe a maneira de desenvolvê-los e servir-se deles de um modo
consciente e eficaz é um verdadeiro Mago."

João Ribeiro Júnior[76]

Os feitiços da Wicca são realizados durante as
práticas rituais (estes rituais são explicados de forma melhor na seção "Ritual" abaixo), na tentativa de provocar
mudanças reais no mundo
físico
. Assim, os feitiços da Wicca geralmente são usados para a cura, a proteção, o banimento de influências
negativas e, principalmente, a fertilidade.[77] Os pioneiros da Wicca, Alex Sanders, Sybil Leek e Doreen Valiente,
chamavam suas práticas de "magia branca", para separá-la da "magia negra", que é associada
ao mal e ao Satanismo e é usada contra um objeto, uma pessoa, um
lugar.[78] Sanders também utilizava a terminologia "Caminho da Mão Esquerda" para
descrever a magia maléfica e "Caminho
da Mão Direita
" para descrever a magia realizada com boas intenções;[79] terminologia esta que teve
sua origem com a ocultista Madame Blavatsky no século XIX. Alguns wiccanos, contudo, alegam
que a cor preta não é necessariamente uma
associação ao Mal.[80]

A magia na Wicca define-se como a arte de enviar
consciência a vontade, em ocasiões respaldando estes pensamentos ou está com objectos como velas, talismãs, ou ervas que representem a intenção do Mago Wicca. Símbolos, cores, artefatos, o círculo, movimentos, música e mantras fazem parte do conjunto fundamental de elementos
na magia wicca a fim de se obter o efeito buscado, que varia de grupo a
grupo.[81] Scott Cunningham escreveu: "O poder pessoal é
a força vital que sustenta nossas existências terrenas. Ela move nossos corpos.
[...] Na magia, o poder pessoal é gerado, imbuído de um propósito específico,
liberado e direccionado ao seu objectivo

 

Os Cinco Elementos

Pentagrama com os Quatro Elementos
acrescidos do Éter, ou Espírito.

Em grande parte das tradições da Wicca, há a crença
nos Quatro Elementos, mas ao contrário da filosofia na Grécia antiga, elas
são vistas como simbólicas em vez de literal, ou seja, são representações das fases da matéria.
Esses elementos são geralmente evocados durante os rituais mágicos da Wicca e nomeados ao se
consagrar um círculo mágico. Os quatro elementos
são: Ar, Fogo, Água e Terra, acrescido de
um quinto, o Éter (ou Espírito), que une todos os outro
quatro elementos.[89] Para se explicar
o conceito dos Cinco Elementos, foram criadas diversas analogias, como a da wiccana Ann-Marie Gallagher, que
usava o exemplo de uma árvore, que
é composta de terra (com o solo e matéria vegetal), água (seiva e umidade), fogo (através da fotossíntese) e ar (a criação de oxigênio e de dióxido de
carbono
), que se acredita serem unidos pelo Espírito.[90]

Tradicionalmente, no Gardnerianismo, cada elemento é associado a um
ponto cardeal da bússola, sendo o ar oriental, o fogo sul, a água oeste, a terra o norte e o Espírito o centro.[8] No entanto, alguns wiccanos,
como Frederic
Lamond
, alegaram que os pontos cardeais foram definidos apenas visando a
geografia do sul da Inglaterra, onde a Wicca emergiu, e que os wiccanos devem
determinar os pontos de acordo com sua região; por exemplo, aqueles que vivirem
na costa leste da América do Norte deve chamar água o leste e não o ocidente, porque o corpo
colossal de água, no Oceano Atlântico, é a seu leste.[91] Outros grupos da Craft têm
associado os elementos com diferentes pontos cardeais; Robert Cochrane da Clan
of Tubal Cain, por exemplo, associava o sul à terra, o fogo ao leste, o oeste
com a água e o ar com o norte onde cada um dos quais eram controlados por um
deus diferente, que eram vistos como filhos do Deus Cornífero e da Deusa.[92] Cada elemento também possui uma ferramenta
exclusiva nos rituais, sendo a varinha para o ar, o athame para o fogo, o cálice para a água, o pentáculo
para a terra e o próprio círculo mágico (ou o caldeirão
mágico
) para o espírito.[93] Cada um dos Cinco Elementos
são representados por cada ponta do pentagrama, o símbolo mais utilizado da Wicca, com o
Éter (ou o Espírito) no ponto mais alto

 

Moralidade

"Oito palavras a Rede Wiccaniana respeita: se nenhum mal causar, faz o que
desejar."

Não existe nenhum dogma moral ou código
ético
universalmente seguido pelos wiccanos de todas as tradições, no
entanto a maioria segue um código conhecido como a Wiccan Rede que afirma "sem ninguém prejudicar faz
o que tu quiseres". Geralmente, essa frase é interpretada como uma declaração de
liberdade para atuar na vida,
juntamente com a necessidade de assumir a responsabilidade por aquilo que
resulta de nossas ações e minimiza danos a si mesmo e aos outros.[84] Outro elemento típico da
moralidade wiccana é a Lei Tríplice que diz que qualquer ação
malévola ou benéfica retornará ao autor três vezes mais forte, ou com igual
força a nível do corpo, da mente e do espírito.[85] Tanto a Rede como a Lei Tríplice
foram introduzidas no Ofício por Gerald Gardner e posteriormente adotadas pelas
outras tradições.

Muitos wiccanos também procuram cultivar um
conjunto de oito virtudes mencionadas na Carga da Deusa de Doreen Valiente,[86] que são: alegria, reverência,
honra, humildade, força, beleza, poder e compaixão. No poema de Valiente, eles
são ordenados em pares de opostos complementares, reflectindo uma dualismo que é comum em toda a
filosofia da Wicca. Quanto à sexualidade, embora Gerald Gardner tivesse
demonstrado uma aversão à homossexualidade, alegando que ela derrubasse
a "maldição da deusa",[87] agora ela é geralmente
aceita em todas as tradições da Wicca, e até mesmo alguns grupos como a
Irmandade Minoan elaboram sua filosofia em torno dela,[88]
e certas figuras primordiais da Wicca, como Alex Sanders e Eddie


Buczynski, sendo declaradamente homossexuais ou bissexuais

 

 

 

Fontes. WIKIPÉDIA E ENCICLOPÉDIA LIVRE